A crença é tudo aquilo que acreditamos e temos como verdade, serve de diretriz para que possamos agir conforme a crença que se acredita. Quando a crença toma proporções a nível mundial, não há como ignorar a verdade como fato soberano de uma lucidez. Ocorre que a descrença atrai o pior que há no ser humano, pois a inércia, a omissão e a própria ação de disseminar fatos apócrifos, mentirosos e falsos revela a sua condição torpe, na vida em sociedade. Pois na era de epidemia uma fagulha de esperança é o suficiente para que muitos possam desacreditar da verdade, para seguir a mentira fantasiosa que é menos penoso que a verdade em si.
O coronavirus é uma realidade que surge como novo, mas em 2003 já se falava nesse vírus, pouco agressivo e sem repercussão epidêmica como veio o NOVO avassalador. O fato de muita gente disseminar a própria opinião de que não passa de uma gripe, como tal a verdade consiste na ausência de sua identidade genética, para que possa desenvolver medicamentos eficazes no combate ao sintoma e a própria cura. Nossa imunidade reagirá conforme cada caso, uns tem maior resistência e outros não, como vem ocorrendo nos países mais ricos do planeta, as grandes potências mundiais se ajoelharam a essa ogiva viral que ataca silenciosamente, dizimando lentamente, pouco a pouco, a população.
Lamentavelmente a parte mais vulnerável são os idosos, que por terem imunidade baixa são propensos a contrair o vírus e sofrer com o sintoma arrasador, que em muitos vem a causar o óbito. As crianças não são imunes, mas certamente tem a sua resistência mais preparada para combater esse mal, porém também se tornam os maiores propagadores.
Ignorar que a mobilização do governo, seja qual for o ente federativo, as orientações acerca de como proceder para evitar o contágio revela o quão ignorante e tolo são as pessoas, em deixar de fazer o mínimo pessoal em prol do máximo à coletividade. A necessidade de autoafirmação de mostrar-se forte e imune lhe tornam incapazes de ponderar que o vírus certamente não causará danos a si, mas ao se expor em aglomerações certamente servirá de transporte para que ao chegar as suas casas os mais velhos e as crianças se contaminem.
Existem pessoas que pensam e pessoas que respiram. O esforço real que a mente necessita fazer para que o pensamento se converta em ação positiva, tal desgaste mental requer uso da sabedoria, que age conforme os preceitos éticos, morais, com premissas da ponderação e da razoabilidade, como meio adequado de olhar para o bem comum sem ater-se ao desejo pessoal.
A descrença é o caminho mais fácil e menos doloroso, que alicia as pessoas desprovidas da capacidade racional de perceber o risco real que correm e promovem, por isso são pessoas que respiram. Por ser ato natural da vida humana, logo não se pode esperar uma compreensão cívica razoável, pois suas ações convergem para si e a sua autoafirmação, segregando o próprio amor pelas pessoas de maior contato, a família, para expor suas convicções sempre a necessidade de provar o quão forte, inatingível, inabalável é a sua vida.
Pessoas que pensam ponderam e sabem os riscos reais, então tomam decisões que, a priori, obriga-se a enclausurar-se com escopo de elidir o mal comum. Pensar requer abdicar vontades e desejos quando necessário para o fim comum. Pensar requer renunciar convicções e ilações para a obediência a determinações, que vislumbra a proteger e a preservar a coletividade do mal maior que poderá alcançar. Mas existem as pessoas que respiram e como tal desassociadas de compaixão ou amor ao próximo, senão amar-se a si, sem reservas de doação voluntária humanística. Essas certamente serão as causadoras da mortandade de entes queridos e pessoas afins.
Aquele que pensa adota a capacidade de raciocinar conforme as evidências e faz o sacrifício necessário em prol de todos, pois a relação todos tem-se aqueles descrentes, as pessoas em geral e os familiares.
As ações governamentais agem, conforme a certeza, que algo ou alguma coisa de fato causará dano irreparável ao seu povo. Por isso medidas são tomadas com a finalidade de mitigar o máximo possível de dano, acerca daquilo que possui elementos previsíveis, prováveis e possíveis, como tal nenhum governo assume responsabilidade de fazer senão pela probabilidade real do fim esperado.
Mas as pessoas que respiram preferem a satisfação imediata, para promover o prazer a ter que renegar, provisoriamente, as suas convicções em benefício das convicções alheias. Como dito acima, a exposição na rua permitirá ou em aglomerações o tornará organismo depositário do vírus que, sem ser convidado, entrará em sua residência para contaminar todos que fazem doutrinariamente a quarentena. Pessoas que respiram são covardes pela descrença da contaminação, mas vítimas do sistema quando o ente querido falece, de uma circunstância evitável.
As pessoas que pensam sabem da consequência de seus atos e o quão podem causar dano involuntariamente, mas os que respiram se movem pela ideia do si, por si e para si. Pessoas que pensam são altruístas e desejam o bem comum, promovem sempre o bem maior para afastar o mal menor. Os que respiram desprezam o bem comum, para fazer o bem que melhor prouver a si ou ao grupo o qual pertence com os mesmos ideais.
O vírus é a verdade que assola o país e o mundo, que nos ensina a pensar. A consequência será avassaladora, controlar o colapso é a garantia de que todos terão uma chance de recuperação. Inevitável que haja respeito às pessoas que pensam, para evitar a contaminação e a sua propagação. Mas aqueles que respiram por carecer de capacidade de pensar, não os pensamentos da virtude pessoal, mas o da virtude humanitária, pois os números e os fatos falam por si, mas ignoram pela descrença da bolha que vive.
O Pequeno Príncipe é uma obra literária do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, o trecho da raposa traz o episódio em que o príncipe cativa a sua amizade e passa a viver conforme as suas vontades, mas ao se despedir a raposa diz ao pequeno príncipe que ”tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa.” Portanto, se és pessoa que respira saberás que é responsável pela própria contaminação e das pessoas que gosta e toda a dor que elas sofrerão.
A arrogância está mais próxima daqueles que respiram que daqueles que pensam. Pensar não é acumulo de conhecimento ou ser inteligente, senão o meio adequado do uso desse patrimônio imaterial. Se for utilizado erroneamente certamente será mais um que respira na crença da intelectualidade.
O ciclo é volátil e muda conforme ao estado, as condições e as circunstancias, sempre há os que agem como pessoas que pensam e logo se permite agir como os que respiram, portanto esse esforço mental é a árdua militância diária de sempre pensar antes de fazer. Saber que o tempo de pensar não é o mesmo tempo de fazer, muitas vezes se deseja o altruísmo mais se pratica o egoísmo. Pois o prazer é prioridade em função do dever.
Não deixe que a incapacidade de pensar permita ações que possam lhe tornar uma pessoa que respira e com isso ser responsável pela vida de pessoas que você ama. Lembre-se que a maior atitude das pessoas que pensam é a SOLIDARIEDADE. Fazer algo por alguém não se resume em fazer algo para agradar alguém.